Chegaste com a chuva
Trazendo em tuas mãos a rosa amarela e delicada.
Cheiravas a terra úmida.
Terra úmida é o que eras.
Da moldura da janela,
Enquanto os braços do mar pousavam em teus ombros,
Espiavas o escuro da casa.
Do lado de fora,
Sem sentir o cheiro de mofo dos armários,
Sem ver os ladrilhos escuros do corredor infinito,
Sem pressentir o abismo por sobre o qual a varanda se estendia,
Me aguardavas com o cabo da flor
Arranhando a palma das mãos crispadas.
Abri-te a porta
E com o aroma da rosa tu entraste,
Tu também amarela e delicada,
Deixando para trás a terra úmida
Em troca da terra estranha e desabitada.
Raphael Negrão
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