terça-feira, 29 de abril de 2008

Soneto 237 Insubordinado

Açúcar, óleo e sal não vá comendo!
Reduza! Vote! Pague! Não se atrase!
Não fale palavrão! Não erre a crase!
Assine! Ligue já! Venha correndo!

Aos médicos meu gosto nunca prendo.
Não chego a ser do contra, mas sou quase.
Coloco algo vulgar em cada frase.
Ao preço do comércio não me vendo.

A desobediência é uma ciência,
mistura de coragem e de medo:
exige livre arbítrio e paciência.

Às vezes é melhor fingir que cedo.
Mas trepo mesmo em fase de impotência,
e, quando a foda é longa, gozo cedo.

Glauco Mattoso

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